No debate sobre o espetáculo de Ana Luiza Cardoso, Margarita vai a Luta foi bastante criticada. As vezes ela forçava um pouco, mas dei boas risadas. "Fabriiicccccio, acoooorda!" rs!
Bom, cada um com seu senso critico e humoristico não é!?
NÃO SEJA PALHAÇO POR ACASO,CONSCIENTIZE- SE!
Bem, vou explicar esta frase com a minha experiência com o nariz vermelho.
Meu primeiro espetáculo depois de formada como atriz foi a adaptação de Sonho de Uma Noite de Verão para crianças, sob a direção de Moacyr Góes em 1985. Foi um sucesso e a minha carreira foi sempre pensando em espetáculos para toda a família!
Participei e fui fundadora do Motin – Movimento de Teatro Infantil- com vários colegas e profissionais do teatro infanto juvenil, com o slogan: Vá ao Teatro desde pequeno!
Nesta mesma época fui ao Festival de Cuba e lá conheci o grupo argentino El clú del Claun, que fez o maior sucesso na Ilha, pois usavam a comunicação do palhaço - técnica de Le Coque.
Eu ainda não havia visto um espetáculo com roteiro para palhaços... havia visto números de palhaços em circos, lembrava do espetáculo do meu querido Carequinha ou espetáculos de teatro infantil que tinha como personagem um palhaço. Fiquei encantada e daí começou a investigação que ainda não terminou.
Logo depois assisti ao espetáculo Os Clowns de Dácio Lima. O trabalho dele (também havia feito Le Coque) era parecido apesar de usar mais a mímica.
No ano seguinte (1988) fui a Buenos Aires fazer um curso com eles e daí comecei a exercitar o nariz vermelho nas ruas do Rio.
Exercício que faço até hoje...
Bem a questão é: qual a diferença de um ator para um palhaço?
Palhaço não é personagem. Palhaço é! Palhaço é único; ninguém faz Carlitos, alguém tenta copiar Carlitos. Por isso quando um grande Palhaço morre é uma perda terrível, pois suas gags, seus bordões e seu número vão com ele.
Vários espetáculos têm palhaço como personagem, seguindo um texto do autor (lembro de Palhaçadas com o fabuloso João Siqueira). E são ótimos, pois está claro que é isso: atores que interpretam palhaços; os atores como em qualquer outro personagem, vão pesquisar ou se inspirar em outros palhaços, vão decorar o texto e seguir a direção, o figurinista e etc. Quando terminar o espetáculo, os personagens terminam.
Quando em 1992, fazendo parte do grupo As Marias da Graça e criamos Tem Areia no Maiô, com o roteiro inicial de Denise Crispun, exercitamos um ano “nossas palhaças”. O espetáculo foi criado junto com a direção, lembro que o Beto Brown às vezes perdia a paciência com as palhaças, porque discordavam da ação. O espetáculo cresceu porque era feito em cima das gags de cada palhaça... Arrisco dizer (saí em 2001) que até hoje é feito assim.
Durante este período cresceram espetáculos com palhaços e espetáculos feitos por palhaços.
Demorei muito tempo para me assumir como palhaça (rs), por respeito à tradição do circo. Minha formação é teatral, não sou de família circense...
No início houve uma resistência, pois o arquétipo é masculino.
Mas passaram 18 anos e cada vez mais o circo toma um espaço enorme na minha vida e hoje me considero uma artista circense...
Estamos em um momento importantíssimo para o fortalecimento desta arte que abrange todas as classes sociais, todas as gerações e é a maior diversão em qualquer lugar do mundo.
Não pude fugir com o circo, mas raptei o circo!
Ana Luísa Cardoso
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